30 de mar. de 2011

A CoffeeBeer

Segunda-feira. Uma padaria. Uma cerveja?

7:30 da manhã. Na padaria, com a cara amassada de um recém acordado. Tudo ao redor se torna apenas fotografias breves quando se acaba de cair da cama. Mas uma fotografia não saiu da minha cabeça.

Ao pagar pelo pão (cujo até eu teria feito melhor), observei um camarada conversando com o dono da padaria.  Em plena segunda-feira (7:30), entornava uma lata de cerveja. Talvez ele tenha acabado de sair de algum tipo de promessa; ou ainda, havia passado por exames e ficara privado de consumir álcool por um longo período; pensei comigo. Porém, o fato não vem ao caso, mas sim, a ação. Quem, em plena consciência, ou sanidade, tomaria uma cerveja em uma segunda-feira às 7 e 30 da manhã? As pessoas saem para trabalhar, geralmente, ou compram pão com a cara amassada.

O indivíduo não estava mal vestido. Claro que poderia ser um bêbado. E se fosse aposto que ninguém tomaria o fato como absurdo. O impressionante é que a figura estava bem trajada, como se fosse ao trabalho, e antes passou na padaria para tomar seu café da manhã bem reforçado: cereais (fermentados), cevada e lúpulo. Pensando ainda em sua imunidade, conferiu à sua substância uma dose de álcool para a esterilização corpórea.

Aquilo me deixou pasmo e ainda com cara amassada. Voltei para casa e comi meu pão com manteiga, li o jornal e estudei um pouco. Arquivei essa cena em meu cérebro e precisava lexicografar (organizar dados, verbalizando) de alguma forma. E então em meio a alguns monossacarídeos e outros pepitídeos, me afundei na biologia e esqueci da vida.          

28 de mar. de 2011

LASCA - A

Longe, caminha o rumo de ambos. Arrancando partes de fragmentos do tempo. Some o desespero da tentativa, trazendo o conforto sereno. Sangria de uma tortura do tempo. Calma da velhice tranquila. Ainda sou de tempos antigos - Ainda sou mais noite que dia.

Algo perdi há tempos, algo que não sinto mais. Não se chama, não se senti, só se vive. Tenho vivido de um modo diferente. Não sei se bom ou ruim, mas mudo, tenso. Em momentos cronometrados pela ansiedade. Um gole de pura ânsia com gotas de esperança.

Tempo

O que aconteceu há anos, parece ter acontecido ontem. Assim como o que ocorreu ontem, parece ter acontecido há muitos anos.

O tempo passa sem que percebêssemos. De segunda à sexta em um dia. Ponho minha cabeça no travesseiro às 22h da noite e em 5 minutos o despertador toca. São 8h da manhã. Mas enquanto durmo por instantes, vejo passar, a horas de distância, o melhor do tempo. Em outros tempos, teria ignorado. Mas os ponteiros apontam a direção. Momento exato que mistura passado-presente-futuro. Apontam para o ilimitado sonho. Hora partilhado por todos, hora apenas devaneio. Mas sempre nú, expondo a ferida, que se cauteriza com o sonho.